terça-feira, 13 de abril de 2010

“E não nos livre das tentações..."


A carência e o vazio existencial tem diluído a alma humana numa espécie de “geléia geral” onde não há mais individualidade sadia, apenas individualismo doentio o que tem gerado uma geração de pessoas sem identidade própria, apenas indivíduos viciados na persona da grife e da moda atual e que só se sentem bem consigo mesmas, sem estiverem dentro desse “mundinho” das novidades e do que se chama de a última tendência. Já não existe mais o ambiente da tentação.Tentação pressupõe caráter, conteúdo, idéia, valores, opinião, certeza, fé, conduta e princípios pessoais de vida. Sem isso, não há tentação. Ora, como a maioria desistiu dessas coisas há algum tempo, no máximo administram o aparecimento ou não daquilo que se considera “tentação” só para manter as aparências de que são pessoas honestas, de caráter e de boa índole para a sociedade. São poucos, diria pouquíssimos, que podendo, não façam o que podem, conseguindo não realizem o que conseguiram e podendo alcançar desistam de fazê-lo, apenas por uma questão de princípios e caráter. Tem muita gente com raiva de Deus por Ele não ter ajudado-as a cair em tentação...Sim, zangadas com Deus por não ter transformado a obsessão naquilo que as “tentava” em uma feliz resposta as suas orações. Pouca gente hoje diz não a tentação. A maioria ora a Deus assim: “... E não nos livre da tentação, mas apenas das conseqüências de seu mal contra mim”. Tentação se tornou apenas uma alternativa que pode ou não ser abraçada, dependendo se o ser tentado conseguir manter a tentação em segurança e ocultada. Trocando em miúdos, tentação não consumada é apenas aquela que não “rolou”, pois se “rolar”, e se “rolar” com segurança, a tentação já não será mais um problema. É justamente aí que está a satisfação para muitos: entregar-se a tentação fugindo das suas conseqüências danosas, socialmente falando e olhe lá. Hoje em dia tentação é apenas o desejo que só não será realizado se o malandro acreditar que pode fazer muito mal a ele mesmo, pois caso ele não veja problemas práticos que poderá manchar a sua reputação, a decisão de abraçá-la no coração já está tomada faz tempo. Cada vez menos se encontra gente que, podendo, não faça; que, conseguindo, não realize; que, desejando, não busque alcançar. Dos religiosos de hoje, me refiro as pessoas em geral que professam alguma religião, a maioria sentem culpa somente “a posteriori” (depois), nunca “a priori” (antes), só depois que a malandragem foi descoberta, o caso foi flagrado, depois que “a casa caiu”, e o fogo da paixão queimou os apaixonados... Quase ninguém tem mais luta... a maioria vai mesmo, cai de cabeça... assumiram que é irresistível e abraçaram o mal e perversão como destino normal. As palavras de Jesus: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” se tornou algo diferente na consciência de muitos hoje: “Fique de olhos bem abertos para não perder a oportunidade da tentação, pois, pode ser que você nunca mais a tenha desse modo, com essa pessoa, com todos esses benefícios, no caso de se ficar bem atento..., de olhos bem abertos, a fim de que não seja apanhado no flagra”. Tenho saudades do tempo em que se lutava contra o mal e se acreditava que nenhum mal seria maior do que as nossas forças, como disse o apóstolo Paulo. Hoje, quase de modo geral, muitos acham que a tentação seja irresistível e sentem-se idiotas quando não cedem a ela. Depois ficam perguntando a si mesmas e aos outros porque o inferno parece com o inferno e porque a vida parece ser administrada pelo próprio diabo. Portanto, hoje, olhe para você mesmo e veja se há dentro de você alguma coisa que representa ainda os valores e o caráter do Evangelho. Se não tiver, ainda há tempo de mudar, mas não perca a oportunidade de passar a limpo a sua vida, talvez o “papel” pode acabar de repente.

Saiba disso, quando a tentação deixar de ser tentação, acredite, é porque a alma já se diluiu nessa geléia geral que diz que tudo é bem normal e você nem percebeu. Virou pasta.

Pense nisto!

Naquele, que foi tentado em todas as coisas, mas venceu incólume do pecado

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