segunda-feira, 29 de março de 2010

Um Pé na Religião e o Outro no Inferno

Faz tempo que mudei minhas convicções pessoais a respeito da fé e do ser humano. Ao longo de muitos anos acreditava que o grande objetivo da minha vida religiosa era trazer pessoas que não partilhavam a mesma fé que a minha para dentro do meu gueto religioso. Porém, descobri, lendo e vivendo os Evangelhos, que o grande problema sempre foi a religião e como as pessoas se relacionavam com ela, bem como seus equívocos em relação a Deus e a vida. Em MT 23.13-35, Jesus faz uma longa série de advertências, os chamados “ais”, contra os religiosos fariseus que rodeavam o mar e a terra para fazer um prosélito, mas que uma vez feito, o tornava filho do inferno duas vezes mais do que eles. Porém, alguém poderia dizer: Não é bom ter uma religião definida, afinal de contas ela, apesar do pesares, promove benefícios sociais e até pessoais aos seus fiéis? Ora, a história não esconde o que o próprio cristianismo promoveu em seus 1700 anos de existência, e esse sim promoveu um “desserviço” ao Evangelho incalculável. A perversidade aliada a religião transforma as pessoas no próprio arquétipo do diabo que elas julgam combater; mas tudo isso é muito diluído na consciência pessoal e coletiva empedrada e obtusa daqueles que fazem parte dessa confraria. Dessa realidade ninguém escapa, sejam católicos, evangélicos ou espiritualistas em geral. Veja a quantidade de escândalos que cercam essa gente. Desde os casos de pedofilia do padre norte-americano Lawrence Murphy que abusou de 200 crianças surdas nos EUA entre as décadas de 50 e 70 até a recente prisão de dois pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus pegos contrabandeando sete fuzis M-15 no Mato Grosso do Sul. A maldade intrínseca do ser humano consagrada e camuflada pela religião só tornam as pessoas piores do que eram quando estavam longe dela. Pois ela mantêm a coerência externa com os ritos, as cerimônias e as doutrinas, mas interiormente estão profundamente apodrecidas da alma, cheios de hipocrisia e iniqüidade, coreografando piedade e espiritualidade exteriormente, mas fabricando e curtindo o ódio, a vingança e a morte pelo lado de dentro. Mas aí o problema não é a religião e sim as pessoas, certo?!
Ora, o que é a religião senão uma produção humana e maligna, que não tem nada a ver com o Evangelho simples e verdadeiro de Jesus. Muita coisa foi inviabilizada no mundo por causa da religião, em especial o cristianismo. Se essa religião não fosse o obstáculo que tem sido para Jesus no mundo, os judeus também tratariam diferente o Evangelho, os muçulmanos, os budistas, os hindus, enfim. O “Cristianismo”, no entanto, historicamente, desfigurou Jesus de tal modo que Ele se tornou desprezível em muitos lugares, e não é por maldade humana, mas apenas pela impossibilidade de aceitar o estupro do pacote “cristão sem o espírito de Jesus”. Em nosso país, por exemplo, considerado um dos países mais religiosos do mundo, com a maior população católica, a maior população pentecostal e a maior população espírita kardecista do mundo, é testemunha que nem por sermos tão religiosos assim somos melhores do que a Índia, o Zimbábue, o Haiti ou Papua-Nova Guiné todos com seus cultos e rituais aos deuses nativos que causam arrepios aos cristãos do “mundo civilizado”. Seja sincero com você mesmo: Você acredita realmente que a presença da religião tem melhorado o mundo e que a causa do mal no mundo hoje é porque há pessoas que não encontraram uma boa religião para professarem? O que falta na vida das pessoas não é uma religião para domesticarem-nas, mas o “Encontro”, sim, o encontro com a Vida e o Amor de Deus revelado na pessoa de Jesus Cristo. Que nada tem a ver com essa Hidra horrorosa de muitas cabeças que se criou ao longo dos séculos de história. Por isso, quem quiser viver com os dois pés no céu, precisa Hoje pensar se realmente a sua religião, herdada de família e de tradição, tem exorcizado a maldade e a hipocrisia do coração, porque senão, no dia do Juízo, esse, terá uma ingrata surpresa.

Naquele, que é Deus, da Vida e do Amor.

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